No decorrer do último ano, mais de 2,5 milhões de brasileiros enfrentaram afastamentos laborais devido a questões de saúde, de acordo com o Ministério da Previdência Social. Surpreendentemente, a principal razão para esses afastamentos foi a hérnia de disco, seguida pela dor lombar.
Especialistas médicos afirmam que o sedentarismo e a má postura são fatores críticos relacionados às lesões na coluna vertebral. Além da hérnia de disco, a lista das dez doenças mais comuns inclui distúrbios osteoarticulares, tais como lesões no ombro, tendinite, lesões no punho e dores lombares.
Estas condições, frequentemente encontradas no Brasil, são multifatoriais e podem ser influenciadas por predisposição genética, conforme destaca o médico Fernando Oto, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica em Santa Catarina (SBCM/SC). No entanto, também podem ser desencadeadas por posturas inadequadas no ambiente de trabalho, falta de ergonomia e exposição a cargas laborais excessivas.
De acordo com Francisco Cortes Fernandes, presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, as patologias ortopédicas estão entre as mais comuns. Adicionalmente, dezenas de milhares de pessoas foram afastadas do trabalho devido a problemas como cálculos renais, ansiedade e depressão, esta última classificada como o nono motivo mais frequente de afastamento.
Quando uma doença ou lesão impossibilita o retorno ao trabalho por mais de 15 dias, o segurado tem direito ao afastamento pelo INSS, recebendo benefícios por incapacidade temporária, anteriormente conhecido como auxílio-doença.
A hérnia de disco afeta uma região específica da coluna, conhecida como disco intervertebral. Essa condição é resultado, principalmente, do desgaste precoce dessa estrutura, levando à formação da hérnia e à compressão do nervo ciático. Os sintomas mais comuns incluem dor ciática, perda de sensibilidade, fraqueza muscular, choques e formigamentos na perna.
Renato Ueta, ortopedista e membro do Grupo da Coluna do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina – Unifesp, ressalta a importância da postura adequada durante as atividades diárias como medida preventiva para a hérnia de disco.
O diagnóstico da hérnia de disco requer um exame físico aprofundado e exames de imagem consistentes com a lesão. É crucial destacar que um diagnóstico equivocado pode levar a um tratamento inadequado, enfatiza Ueta.
O tratamento da hérnia de disco envolve múltiplos profissionais e nem sempre requer intervenção cirúrgica. Fisioterapia, atividade física regular e métodos analgésicos, como acupuntura, são algumas das opções. A cirurgia é considerada nos casos em que o tratamento clínico não apresenta melhora ou há comprometimento neurológico em evolução.
Além disso, é fundamental distinguir a dor lombar crônica, prevalente na população adulta, da hérnia de disco. Esta última afeta predominantemente a faixa etária produtiva dos 20 aos 40 anos e possui sintomas bastante limitantes.
Para evitar a dor lombar crônica e outras complicações associadas à coluna vertebral, é essencial adotar hábitos saudáveis, manter uma postura correta durante as atividades diárias e buscar orientação médica quando necessário.