Sabe de tudo. Sente tudo. Mas cala.
O peso de saber demais… e não poder dizer
Ela observa. Entende os bastidores, percebe o clima, lê nas entrelinhas. É aquela colaboradora que conhece os processos, as pessoas, os ruídos. Mas quase nunca verbaliza. Se sente responsável por manter tudo funcionando, mesmo que precise engolir o caos sozinha.
Esse perfil, muito comum entre lideranças femininas e profissionais administrativos, sofre duplamente: pela pressão da função e pelo isolamento da percepção. De acordo com a Gallup 2025, 58% das mulheres em cargos operacionais ou de supervisão relataram sensação frequente de solidão profissional e falta de espaço para se expressar com segurança.
O silêncio nem sempre é escolha
Muitas vezes, o que se interpreta como “discrição” ou “resiliência” é, na verdade, medo. Medo de retaliação, de parecer fraca, de não ser ouvida ou de sofrer consequências por levantar pautas sensíveis. Essa ausência de voz pode se tornar um campo fértil para o adoecimento psíquico e o afastamento silencioso.
É comum que a sacerdotisa silenciosa absorva não só o próprio sofrimento, mas também o do grupo. É o tipo de profissional que “segura a barra” enquanto todos desmoronam — até que ela mesma se parte.
Como dar voz sem exigir fala
- Crie canais anônimos e protegidos para escuta ativa.
- Valorize percepções e insights em reuniões — mesmo os mais sutis.
- Capacite líderes para escutar com empatia e ler além dos KPIs.
- Aplique diagnósticos psicossociais com metodologia HSE IT, reconhecida pelo MTE, para revelar o que não é dito.
- Implemente rotinas de acolhimento e espaços de fala com apoio especializado.
Segundo o SUS, mulheres são 2,7 vezes mais diagnosticadas com transtornos de ansiedade no trabalho do que homens, em especial em funções que envolvem cuidado e gestão emocional não reconhecida.
Às vezes, quem mais precisa de ajuda é quem parece forte demais pra pedir.
Se há silêncio demais na sua equipe, talvez já exista dor demais.
Fale com a gente. A escuta certa pode evitar a próxima ausência inesperada.